segunda-feira, 27 de agosto de 2012

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terça-feira, 14 de agosto de 2012

FESTIVAL DE JUDÔ - PEQUENO DAVI!

Falar de touros não é o mesmo que entrar na arena


LEANDRO GUILHEIRO
Olá,
Primeiro de tudo, gostaria de agradecer muito a todos que acompanham o meu blog há quase um ano! Foi muito bom dividir com vocês cada semana de treinamento e cada dia de vivência dos Jogos Olímpicos. Foi uma experiência única e que me aproximou muito de todos vocês!
Os Jogos finalmente terminaram e junto com eles foi-se a minha última noite de tristeza. Daqui para frente, meus olhos se voltam para os próximos mil quatrocentos e cinquenta e três dias restantes até o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Londres está definitivamente no passado.
Esta edição olímpica mostrou, mais uma vez, algo que não é surpresa para ninguém (a não ser para aqueles que não sabem coisa alguma de esporte): em uma competição como esta, tudo pode acontecer.
Nenhum atleta chega aos Jogos gritando aos quatro ventos: “sou favorito”. Tudo o que ele faz é treinar muito para vencer as competições que aparecem em seu caminho durante o ciclo de quatro anos. Caso ele tenha bons resultados, é feita uma leitura simplória e logo o atleta é rotulado como favorito… pelos outros! Quem já esteve dentro de uma competição sabe que TODOS que estão lá são favoritos, ainda mais em determinadas modalidades que são repletas de variáveis. Como poucas pessoas se interessam em acompanhar os quatro anos de um atleta olímpico, impossível pedir que a maioria entenda as particularidades de cada esporte.
O judô em Londres teve quatorze líderes do ranking mundial. Somente três sagraram-se campeões olímpicos. No caso das sete categorias masculinas, quatro atletas (mais da metade), saíram do torneio sem medalhas. Dois deles perderam logo no primeiro combate. Aliás, nenhum atleta campeão olímpico em Pequim, há quatro anos, saiu com o ouro em Londres. Vale lembrar que entre os derrotados estavam japoneses, russos, coreanos, chineses… todos eles tão conhecidos pela sua “frieza” ao competir.
Todos nós temos opiniões. Está provado cientificamente que despendemos mais energia do nosso cérebro para não julgar do que para sentenciar… questão de sobrevivência da espécie. “Especialistas” de plantão, contratados para dar opiniões, por mais que estejam afastados do esporte internacional de alto-rendimento, apontam o dedo: “faltou ritmo de competição, treino é treino, jogo é jogo”. Bom, só faltou ele ver que teve campeão olímpico este ano que competiu bem menos do que eu. Existe uma regra para isso?
Outros falaram da questão psicológica. Nunca estive tão equilibrado mentalmente em uma competição olímpica, até porque treinei esta área ao lado de um profissional, como em Pequim. Prova da minha frieza foi conseguir controlar todos os meus sentimentos logo após ser eliminado dos Jogos e dar entrevistas, ali mesmo, na zona mista. Não se fica descontrolado durante um evento desses e depois, logo após a derrota, torna-se uma pedra de gelo para responder aos profissionais que ali estão trabalhando. Até porque quem sente a pressão não passa da primeira luta.
Em geral, algumas pessoas tem reações emocionais, especialmente aqueles que sabem pouco ou nada de esportes. Comparam o desempenho dos atletas a comida ou a uma cor, o que é muito fácil de se fazer quando se está comendo pipoca e vestindo um pijama amarelo enquanto assistem aos Jogos pela televisão. Se uma medalha que veio inesperadamente para o Brasil é por mérito do atleta que a conquistou, por que a derrota brasileira não pode ser por mérito do adversário? Entre todos os competidores que lá estão muito bem preparados, só três ou quatro deles ganham medalhas. Imagina se todos nós ofendêssemos cada médico que perde um paciente, advogado que perde uma causa, concursando que é reprovado em uma prova e assim por diante? Já pensaram em estar perto de realizarem um sonho que tanto trabalharam e logo após ele escorregar pelas suas mãos ainda ser duramente criticado?
Nestes últimos doze dias, vivi toda a tristeza inerente aos Jogos Olímpicos de Londres. Não fugi nem por um segundo. Vi tudo, li cada linha, derramei cada lágrima que tinha para chorar e sofri calado. No entanto, o meu período de luto chegou ao fim. Todo este sentimento sombrio está se tornando uma força gigantesca que anseia por luta. E é com este espírito que lutarei pelos próximos quatro anos da minha vida.
Ainda em Londres encontrei com Aurélio Miguel, o maior judoca que tivemos no Brasil. As palavras dele foram simples, algo mais ou menos assim: “Puxa, foi uma pena! Dava para ver que você estava bem, rápido, solto! Tinha tudo para se consagrar aqui com as três medalhas, assim como o Tiago”. Depois disso, ele deu sua opinião sobre algumas questões táticas e da regra, motivos estes que na opinião dele me fizeram ser derrotado. Em um determinado momento, ele parou e disse: “Bom, falar daqui de fora é muito fácil, eu sei que lá dentro na hora de tomar as decisões é muito difícil! De qualquer forma, já passei por isso! Sei como é vir aos Jogos como favorito e perder. Mas também sei que quatro anos depois ganhei minha outra medalha, praticamente com a idade que você terá no Rio! Levanta a cabeça e vamos em frente que você tem muito judô para isso!”
Ele sabe destas coisas porque as viveu. Depois do ouro em Seul, Aurélio foi sétimo em Barcelona quatro anos depois. Depois disso, em Atlanta, ele conquistou a sua segunda medalha olímpica. E como bom descendente de espanhol, ele também deve conhecer um velho provérbio que diz:
“Falar de touros não é o mesmo que entrar na arena”.
Obrigado por tudo, sempre!
Abraços
fonte:

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O grande Torneio entre os quatro cavaleiros celestiais do Kodokan Judo e os mestres do Jujutsu



Jigoro Kano e seus discipulos - Entre eles, os famosos quarto cavalheiros celestiais (clique para ampliar)
O Futuro do Kodokan Judo estava em jogo.
Era um teste de vida ou morte da viabilidade deste novo sistema marcial.
Todos em Tóquio falavam da iminente batalha entre o recém criado judô e os mais temidos mestres de jujutsu da era Meiji. Apenas 15 anos após o início da era Meiji e a revolução japonesa em direção à ocidentalização, as artes marciais japonesas chegavam a uma encruzilhada.
De um lado estava o Kodokan Judo, a criação de Kano Jigoro, um educador profissional. Kano tinha sintetizado o que ele pensava ser o melhor dos antigos sistemas de jujutsus, misturando-os com o Wrestling ocidental e conceitos progressivos de educação física e fortalecimento espiritual. Kano, o professor das camadas mais elevadas da sociedade, lamentava a decadência de vários estilos de jujutsu na efervecente cidade de Tóquio e tentou salvar a antiga sabedoria presente nas artes marciais japonesas para adequá-las a um eficiente, progressivo e científico sistema de treinamento.
Kano odiava o sádico tratamento dado aos iniciantes nas antigas escolas de artes marciais. No seu lugar, kano pretendia criar um sistema lógico de treinamento físico, mental e espiritual do indivíduo. Kano investigou cada técnica de um ponto de vista pragmático, descartando o que era ineficiente, perigoso, melhorando e desenvolvendo seu sistema baseado no extensivo conhecimento dos métodos de Wrestling japoneses e ocidentais. Por seus esforços, Kano atraiu a atenção nacional e a veneração. Ele foi taxado como o típico pensador futurista da era Meiji.
De outro lado estavam as escolas de jujutsu que desconfiavam das novas direções de Kano. Elas denegriam a imagem da escola de Kano como sendo de métodos de luta irreal, improváveis e ineficientes numa situação de combate real. Também achavam que o Kodokan Judô soava muito “moderno” e “estrangeiro”.
Estes desafios apareciam quase todos os dias no Dojo de Kano na seção Kokimachi Fujimicho de Tóquio. Na era Meiji 15 (1883), Kano já tinha se aposentado das lutas com aqueles que apareciam no dojo Fujimicho para testar as técnicas do judô. Ele deixou os desafios com oponentes para seus discípulos que cresceram em número.
Kano, em suas memórias escreveu: “Parecia que o Kodokan contava com todo o Japão e tinha que ter o espírito de estar sempre preparado para qualquer coisa.” (1)
Tamanha adversidade brindava os superlativos e durões mestres do randori (treino livre). Entre os melhores alunos de kano estavam os que viriam a ser conhecidos como os Shitenno, os quatro deuses do judô inicial. Seus nomes ecoavam orgulhosamente pela Terra:
Tomita Tsunejiro, Yokoyama Sakujiro, Yamashita Yoshikazu.
E o temido pequeno representante da província noroeste de Aizu, Shiro Saigo.
Shiro Saigo
Shiro Saigo (clique para ampliar)
Estes quarto senhores da luta carregavam a bandeira do Kodokan e eles ficaram reverenciados não apenas como grandes judocas, mas também como homens retos e avançados, o ideal pelo qual Kano lutava com seus fundamentos:
Seiryoku zen’yo (maxima eficiência) e jita kyoei (mútuo benefício).
Kano acreditava que o judô podia ser usado como parte da educação do novo homem da era Meiji, uma pessoa que poderia contribuir positivamente para a nação e para o mundo. Mas toda essa filosofia avançada poderia se perder se o Judô não pudesse se afirmar contra as escolas de Jujutsu querendo sua cabeça. Seria o novo Judô de Kano páreo para as melhores escolas de Jujutsu?
Este teste veio em 1883. A polícia metropolitana de Tóquio atraía professores de diversas escolas de jujutsu e também do judô. Eles estavam convidados pela polícia de Tóquio. O quartel-General da Polícia de Tóquio promoveu um épico torneio entre o kodokan Judô e os melhores mestres de jujutsu, e no dia do contexto, haveria um duelo de gigantes, os mestres do Totsusuka-há Yoshin Ryu contra os judocas do Kodokan. Se o Judô perdesse, sua derrota ressoaria por toda a Terra e significaria a morte prematura desta jovem arte.
Judô
Judô
Kano conhecia todas as implicações do torneio. Ele decidiu colocar 15 dos seus melhores alunos contra os estudantes do Totsuka Eimi. A facção Totsuka contava com brilhantes mestres de quatro entre cinco mestres de outras escolas, mas todos os olhos estavam voltados para as dez ou mais lutas entre Totsuka e o Kodokan. Era na superfície da rivalidade entre o velho e o novo, o “tradicional” e o “científico”. Na verdade Kano desenvolveu suas técnicas de várias fontes incluindo jujutsu e o Wrestling ocidental, e queria transformar o jujutsu de uma arte de combate para uma de arte de alto disciplina física, mental e espiritual. Era uma mudança mais de filosofia que de técnica.
O próprio Kano escreveu estar incerto do resultado das disputas.
Totsuka Hikosuke era considerado o melhor jujutsuka do período Bakumatsu (fim do Shogunato). Após Hirosuke (seu filho) Eimi carregava o nome da escola e treinou vários jujutsukas remanescentes…Na verdade, Totsuka tinha habilidosos lutadores com muita técnica…Ao mencionar o nome Totsuka mencionava-se os grandes mestres de jujutsu daquela era. Os meus mestres de Tenshin Shinyo-ryu e Kito-ryu (jujutsu) estavam tão pressionados que se uniram contra os mestres do Totsuka jujutsu no Komusho dojo do Shogunato.
Judô
Judô
De acordo com o Bugei Ryuha Daijiten (p. 642), Totsuka Hikosuke Eishun foi o primeiro filho de Totsuka Hikouemon Isshinsai. Aos 25 anos ele herdou o Totsuka-ha (ramo Totsuka) do Yoshin Ryu de seu pai. Ele era instrutor de artes marciais no feudo de numazu Mizuno Clan. Mais tarde ele ensinou no centro de treinamento Komusho do Shogunato e abriu o seu dojo em Atagosan. No fim do Shogunato, seu filho Hikosuke se moveu para Shiba Prefecture. Hirosuke prosseguiu a tradição até sua morte em Meiji 19 (1887), com a idade de 74 anos. Seu filho era Totsuka Eimi.
Os contemporaneous no Totsuka-ha Yoshin-ryu eram: Miura Yoshin-Abe Kanya Egami Shima No Suke Taketate (Egami ryu)-Totsuka Eicho Hikouemon Isshinsai (Totsuka-ha Yoshin-ryu)-Totsuka Hikosuke Eushun- Totsuka Hikokuro Eimi Ukiji Entaro.
Como poderiam os melhores alunos de kano enfrentar os mais temidos jujutsukas de Totsuka Eimi?
Sensei Kano reviu a lista dos desafiantes e tremeu. Seus alunos eram bons. Seus Shitenno eram excepcionais. Mas ele iria enfrentar os mais temidos jujutsukas de todo o Japão. Ele tinha de provar que seu princípio de maximização da ajuda mútua e máxima eficiência eram mais que meras palavras. O espírito e as morais do judô tinham de ser provados num contexto de desafio.
O grande evento
Que comecem as lutas”! Declarou o juiz. As cortinas vermelhas e brancas se abriram delicadamente naquele dia de primavera à 11 de Junho de 1886 na arena Yayoi no parque Shiba.
Judô
Judô
O impacto de Kano foi provado sem dúvida. O Kodokan venceu de maneira estrondosa, perdendo apenas duas lutas e empatando uma da 15 lutas programadas. Mas que lutas devem ter sido!
Os duelos exprimiram um conceito próximo do que a palavra shiai significava, que agora quer dizer peleja ou torneio, mas já se referiu a Shi ni-ai; que simbolicamente significava a morte mesmo ou o desafio à morte. Não havia yuko ou koka (meio ou um quarto de ponto), só valia ponto ippon; Quedas, estrangulamentos, imobilizações ou chaves de braço que porderiam, numa situação real, vencer o oponente. E o limite de tempo era decidido pelo juiz. As lutas iam até alguém cair exausto ou o juiz interromper, dando a vitória ao inquestionável vencedor. Verdadeiramente era Shi-ni-ai.
Os mestres do judo provaram efetivamente sua bravura. Mas se houvera rivalidade, animosidade ou sectarismos ele teria acabado quando as últimas lutas iniciaram. Um silêncio sepulcral se instalou.
Tomita Sakushiro ganhou sua luta e assim também o fez Yamashita Yoshiazu Yokoyama Sakushiro, entretanto, enfrentou Nakamura Hansuke num épico duelo que testou as argúcia de ambos os contestantes. Hansuke era mestre do Ryoi Shintoh-ryu. Media 1m e 76 cm, pesava 94 Kg. Hansuke era conhecido como o lutador mais durão do Japão naquela época e se dizia que ele podia se pendurar enforcado de uma árvore sem problemas.
Judô
Judô
Os dois duelaram nariz a nariz usando toda técnica que conheciam. Contra o homem-montanha, Yokoyama utilizou cada músculo de seu corpo. A peleja durou 55 minutos, sem que nenhuma vantagem fosse dada ou tirada até que os juízes finalmente encerraram e declararam empate.
Yokoyama enfrentou seu mais duro oponente e deixou a área de luta. Tinha sido a luta de uma vida, mas seu coração agüentou. Ele sabia profundamente que um empate significava a perda aos olhos dos mestres antigos do jujutsu. Mesmo que o Kodokan judô tivesse vencido a maioria das lutas, Saigo tinha que vencer definitivamente seu oponente afim de eliminar qualquer dúvida remanescente que pairasse sobre os espectadores.
“A última luta!” anunciou o juiz, como se ninguém soubesse era a esperada luta entre Shiro Saigo do Kodokan judô versus Entaro Ukiji do Totsuka-há.
Se Hansuke Nakamura era um gigante comparado com os japoneses de seu tempo, Entaro Ukiji era o herdeiro do Yoshin-ryu, sendo um monstro comparado com o diminuto Saigo. Um murmúrio correu a audiência. Seria essa uma luta cruenta? A velocidade e a técnica de Saigo, mas que chance teria contra uma montanha de músculos e determinação?
Os registros do duelo são nebulosos e incompletos, mas se juntarmos vários documentos e consideraremos a novela Sanshiro Sugata que foi escrita sobre os fatos envolvendo a vida de Saigo e suas lutas, então talvez poderemos recriar a decisiva batalha final.
Por alguma razão, Saigo apareceu letárgico no início da luta. Entaro conseguiu fazer uma pegada firme no judogui de Saigo e rapidamente o arremessou no ar. A platéia prendeu a respiração esperando o ensurdecedor estrondo das costas de Saigo batendo no tatame. Porém isso não ocorreu. Saigo deu uma virada no ar e caiu de joelhos e antebraços.
“Wha…!”A platéia gritou.
Ukiji tentou finalizar o service, mas derepente seu braço e gola foram agarrados em uma pegada favorita de Saigo, cuja atitude havia mudado. Saigo cuspia fogo pelos olhos, talvez fogo vindo da distante Aizú, um fogo vindo primeiramente de seu ancestral Tanomo Saigo Chikanori (alguns livros o chamam de Chikamasa) o velho conselheiro do clan Aizu Matsudaira. Após as guerras que marcaram o fim do Shogunato, o primogênito Saigo virou um sacerdote Shintoísta, passando aos remanescentes do orgulhoso clan de tradições marciais para Takeda Sokaku que continuou divulgando o método Oshikiushi de pegada como o Daito-ryu aikibudô- e seu filho adotivo Saigo (formalmente Shida) Shira. Na tradição de yoshi Shiro casado com a filha de Tanomo, mas ficou com o nome Saigo para reproduzir a linhagem.
Quando Saigo se mudou para Tóquio para prosseguir em seus estudos em Seijo Gakko, ele se juntou à escola Tenshin Shinyo-ryu de jujutsu. Lá, ele atraiu a atenção de outro estudante desta escola, Jigoro Kano que o recrutou para que se tornasse seu assistente no seu novo dojô de judô.
O que realmente inspirava Saigo? Seu espírito de nunca desitir? Era o fato de representar o judô Kodokan? Ou talvez fosse o velho orgulho de ser membro do Clan Aizú?
O que quer que fosse que ardia em seu coração, trouxe coragem a Saigo para seguir em frente.
Shiro Saigo desequilibrou Ukiji e o girou num pequeno círculo, no centro do qual estava o próprio seika tanden de Saigo, ou baixo centro de gravidade.
Hane goshi
Hane goshi
“É o yama arashi (tempestade da montanha)!” A platéia exclamou. Essa técnica, que provavelmente tinha suas raízes no Oshikiuchi de Tanomo Saigo, era própria de Shiro Saigo. Ninguém desde sua época podia imitá-la. Yama arashi era a assinatura de Shiro Saigo. Era sua marca registrada e morreu com ele. Alguns dizem que era uma variação da queda de quadril Hane-goshi, mas ninguém explica como o Yama arashi de Shiro Saigo era feito.
Naquele dia, o yama arashi de Saigo moveu uma montanha. O gigantesco Ukiji Entaro foi subitamente arremessado sobre as montanhas e se espatifou de costas!
Zonzo, Entaro levantou-se, machucado, confuso e furioso.
“Ninguém consegue se levantar depois de lever um yama arashi assim tão rápido!” Sakujiro Yokoyama sussurrou “Entaro é durão”!
“Cuidado, Saigo-san, cuidado!” Yoshisaku Yamashita advertiu.
Antes que Entaro pudesse recobrar suas forces, Saigo o atacou. Partiu para cima utilizando outra devastadora queda, como osoto-gari (grande ceifa exterior), e o arremessou de novo no tatame. O impacto foi sentido pela platéia.
Desta vez, Entaro não se levantou. Balançou sua cabeça tentando espantar as estrelas que dançavam diante de seus olhos. O Juiz interrompeu a luta. Saigo tinha conseguido a maior vitória do juvenil Kodokan judô.
Após o torneio
Os dias de glória do jovem Kodokan foram se apagando a medida que a geração dos Shitenno envelhecia e o judô se refinava como vinho fino. Logo logo com o fim do debut, o judô amadureceu para se tornar a proeminente arte marcial e esporte do Japão. Jigoro Kano, o mais eclético estudante do budô se tornou respeitado pelos outros mestres de artes marciais por seu temperamento e magnanimidade. Em compensação, Kano usava sua elevada posição social para ajudar outros artistas marciais, incluindo praticantes de jujutsu, para que estes preservassem e desenvolvessem seus sistemas de artes marciais.
Enquanto o torneio trouxe os desejados resultados assegurando o futuro do judô, um incidente ocorreu algum tempo depois que tocou o coração de Kano.
Kano viajou para Chiba prefecture para demonstrar os métodos de ensino do judô com alguns de seus alunos incluindo Nishimura Teisuke, na prefeitura daquela cidade. Shiro Saigo estava engajado no randori quando Eimi Totsuka veio até Kano. Nessa época, Eimi tinha se tornado o instrutor de jujutsu da força policial daquela cidade. Kano e Eimi se cumprimentaram respeitosamente, como oponentes formais e agora grisalhos velhos sábios.
Eimi pausou sua conversação com Kano para observar Saigo. Talvez se recordando da épica luta contra seu próprio estudante, Entaro Ukiji, Eimi disse a Kano: “ Esse (Saigo) é um homem de grandeza, eu penso.”
“Quando ouvi estas palavras, “Kano disse, eu fiquei lisongeado. Quando ouvi Totsuka (Eimi) dizer sobre Saigo, eu não pude crer nos meus ouvidos. Certamente, outros nada disseram sobre este incidente, mas eu guardo estas preciosas palavras como uma de minhas maiores recordações.” (3)
Saigo não só tinha conquistador a vitória sobre seu oponente naquele dia de torneio. Pelo seu espírito empreededor, sua nobreza e sua humildade, conquistou até o mestre de seu adversário, Totsuka Eimi.
Nos anos que se seguiram, judo floresceu e os shitenno passaram o manto da grandeza aos seus sucessores judokas. Sakujiro Yokoyama viveu para treinar o grande mestre 10º dan Kyuzo Mifune, falecendo em Taisho Gannen (1912) com 50 anos de idade. Yoshizaku Yamashita se tornou o primeiro 10º dan do Kodokan. Ele faleceu em 1936 com a idade de 71 anos. Tsunejiro Tomita viveu até a idade de 73 anos falecendo em 1938. Seu filho Tsuneo foi o autor da novela Sugata Sanshiro, que era baseada na vida de Shiro Saigo. A novela se tornou filme pelas mãos do diretor Akira Kurosawa. (4)
Tem sido dito que Kano nunca mais conheceu ninguém igual a estes quatro estudantes, os Quatro cavaleiros celestiais do judô. Em Showa 5 (1931), Kano observou uma demonstração da nova arte de Morihei Ueshiba, que era chamada aikidô. Ueshiba desenvolveu sua arte em grande parte do Daito-ryu ensinado a ele por Sokaku Takeda, aluno de Tanomo Saigo. Talvez lembrando-se da técnica de Shiro Saigo, o filho adotivo de Tanomo. Kano exclamou: “Este (Aikidô) é meu conceito do que o judô deveria ser”!
Após a passagem de seus Shitenno, Jigoro Kano mesmo enredou-se na confusão mortal em 1939, na idade de 79, um homem que viveu as eras Meiji, Taisho e Showa. Ele viu o crescimento de seu judô que veio a ser considerado esporte de escala mundial a ser incluído nas olimpíadas (A segunda grande Guerra interrompeu este sonho que não pode ser realizado até as olimpíadas de Tóquio em 1964). Mas talvez, o que Kano carregasse em seu coração nos seus últimos dias fosse as honradas palavras de Eimi Totsuka, ditas de um grande guerreiro para outro. E a visão de seus Shitenno, lutando não por eles próprios, mas pela glória do Kodokan Judô e os ideais que Kano defendia.
Referencias:
(1) P. 63, Kano Jigoro Chosakushu, by Kano Jigoro, Gogatsu Shobo, Tokyo, Japan. 1984.
(2) P. 64. Ibid.
(3) P. 65. Ibid.
(4) P. 333. Nihondensho Bugei Ryuha Dokuhon, Betsuron Rekishi Dokuhon #36. Shinjin Oraisha publishers, Tokyo, Japan. 1994.
(5) P. 240. Modern Bujutsu and Budo, by Donn F. Draeger. John Weatherhill, Inc. New York and Tokyo, Japan. 1974.
Texto retirado do site http://judotradicionalgoshinjutsukan.blogspot.com

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