Leandro Guilheiro
Olá!
Sou atleta, e tenho certeza que ajo como tal, todos os dias, desde os meus cinco anos de idade. Também sou judoca. E tenho certeza que em alguns dias deixo de agir como tal.
Quando o professor Jigoro Kano, em 1882, fundou o Instituto Kodokan – marco este para o nascimento do judô – ele não via nesta forma de combate uma modalidade esportiva, mas sim um caminho de evolução pessoal e social. Além do desenvolvimento físico, o controle da própria mente era uma das engrenagens principais, senão a principal, para o aperfeiçoamento do indivíduo como um todo.
Com o tempo, os seus princípios educacionais somados à eficiência do próprio combate fizeram com que o judô se tornasse uma modalidade esportiva e, consequentemente, olímpica.
Confesso que a minha motivação inicial foi pela competitividade do esporte. Aurélio Miguel havia acabado de se tornar campeão olímpico em Seul e eu, no ano seguinte, tive a oportunidade de dar os meus primeiros passos em um dojô. Desde então, sou movido pela vitória e pelos Jogos Olímpicos.
No entanto, com o passar do tempo nesta jornada, percebo o quanto os princípios originais do professor Kano são importantes. Humildade, aprendizado constante e controle da mente são requisitos básicos para sermos pessoas vencedoras, seja dentro ou fora do esporte.
Vivendo-o com tamanha intensidade desde tão pequeno, aprendi a lidar comigo mesmo. Lutar tornou-se cada vez melhor e hoje sei como conversar comigo mesmo antes e durante um torneio. Não atingi a perfeição, mas creio ter evoluído consideravelmente.
Apesar deste crescimento, errar é mais fácil do que imaginamos. Controlar os ânimos dentro de uma área de competição é relativamente simples, até porque não há muito segredo do que é um torneio de judô: dois atletas se enfrentam, um acaba vitorioso e tudo se resolve naquele momento. Ponto final. Mas como transferir isto para o dia-a-dia?
Esta resposta eu ainda não tenho, especialmente quando lidamos com nós mesmos, seres humanos. É difícil não nos tornarmos emocionais quando prejudicam a nós ou a quem gostamos. Não é fácil para aqueles que são condicionados a resolver um problema em cinco minutos, durante um combate que não será deixado para depois, a controlarem a mente e terem paciência. Certamente este é um grande aprendizado.
Assim, tento ser um judoca todos os dias. Mas como um bom e velho humano, acabo errando pelo caminho.
Abraços
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